quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Não é uma música d'Os Pontos Negros, mas poderia ser (Conto de Fadas da Madorna à Parede)

(Já desabafei, agora vou fantasiar.)


Ela precisa de mais. O mundo gira, o relógio não pára, mas a cama – vazia- parece impune e quase divina, omnipotente. Quem haveria de dizer que o cinza-tecnológico (nome técnico que cobre desde meios de transporte e vitrines a telemóveis e redes sociais) lhe dava um tédio de morte, que a luz artificial lhe feria os olhos e a comunicação social exercia um efeito diurético na sua cabeça? Ninguém, mas, voilá!, é a mais pura das verdades.
Ele vive a vida como é, consciente de que os que interessam não se importam e que os que se importam não interessam. Ele luta, pensa, faz. Mas ele não é completo.
Ela, enrolada nos lençóis, não vai sair da cama. Não quer sair para enfrentar uma humanidade mecânica em que todos têm o mesmo conteúdo e uma carcaça também semelhante. Ela é diferente, e está cansada do pára-arranca social. *(Parafuso e fluido em lugar de articulação, até achava que aqui batia um coração; nada é orgânico, é tudo programado, e eu achando que tinha me libertado…mas lá vêm eles, novamente, eu sei o que vão fazer: reinstalar o sistema!)

Ele rema contra a maré. Foge das massas e fecha os olhos quando o vento lhe bate na cara. Ele pensa mais do que fala, é mais do que aparenta. É especial e desconhece. Tem dúvidas, questões, medos; não sabe se é a ovelha negra ou uma espécie de águia num mundo de galinhas.
Ela lê tanto que já tem o cheiro do papel entranhado nos dedos. Ele acha que o melhor perfume é o de roupa lavada. Ela tem um sorriso fantástico. Ele podia passar o resto dos dias a dar-lhe motivos para sorrir.

Eles encontram-se junto ao mar. A cama dela já não está vazia. O mundo dele já está completo. Ela já não precisa de mais. Ele já tem as suas respostas.
(Não quero estragar o fim, mas vai ficar tudo bem.
Felizes para sempre.)

PS: Tenho saudades da tua boca no meu pescoço. De me sussurrares ao ouvido. De me beijares lentamente. Sinto falta da tua respiração quente, da minha pele arrepiada. Dos segundos, das horas. Ainda não percebi se tenho um vazio cá dentro ou se estou tão cheia que quase rebento. Quero-te. Truly, Madly, Deeply. E já. Ou então para sempre.
*Pitty- Admirável chip novo

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