Céu. Se não
é, então, pelo menos, anda lá bem perto.
Pergunto-me
quem és enquanto me aconchego no teu abraço. Faz parte da magia, o
desconhecido. O facto de, no fim de contas, poderes ser um erro muito grande. O
maior, talvez. Pergunto-me se terás os mesmos pensamentos em relação a mim. Ou
se serei tão óbvia que saibas as respostas antes de fazer as perguntas, e por
isso não digas nada.
Sei que
devia temer o momento, que estará para breve, em que vou ter de pôr de novo os
pés na terra. Aquela altura em que vou ter de te dizer alguma coisa, enquanto
me visto. Aquela fase em que ambos voltamos às nossas vidas. Sei que devia
estar nervosa. Mas não consigo. Não enquanto sentir o teu cheiro a embalar-me,
o teu calor da minha pele. Não enquanto reconhecer a forma da tua mão na minha
barriga. Não temos nada a dizer, nem nada a temer, enquanto o tempo estiver
assim, gelado.
Abro os
olhos. Dou contigo a olhar para mim. E a sorrir. Não aquele sorriso que me
ofereceste todos os dias até agora. Não que fosse preciso outro, foi esse que
me arrebatou. Mas o sorriso que tens nos lábios agora faz-me ser capaz de matar
para o ver para o resto da minha vida. Sei que te estou a sorrir de volta. E
que a minha vida nunca mais vai ser a mesma.
Penso no que
nos levou até aqui. No pouco que sabemos um do outro, que temos para nos
agarrar. Nos nós que temos para desatar, no nó cego que cada vez apertámos
mais.
“Ficas?”
Sussurraste-me baixinho.
“Não saio
mais daqui.”
Senti-te
puxares-me para ti, e entreguei-me ao teu abraço, o teu rosto enterrado no meu
cabelo, as minhas mãos nas tuas costas. O meu corpo pedia o teu, gritava por
sentir cada centímetro da tua pele. Não havia volta a dar. Nunca houve, desde o
primeiro momento em que te vi.
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