(Bolas. Esta não é de todo a expressão que me ocorre, mas é a
que fica melhor para expor publicamente.
Escolhas. São, talvez, o maior desafio da vida.
Principalmente para quem, como eu, gosta de certezas, de estabilidade e de
saber com o que contar. Problemas: rotina, quotidiano, tédio, cansaço…
…Desejo…
…Bolas.
Faço o que posso para que as minhas escolhas sejam acertadas
à primeira. Mas chego à conclusão de que algumas não nasceram para isso, ou se
calhar fui eu que não nasci para as tomar, sei lá.)
Onde estás? Estou naquela fase em que já acordo com o simples
propósito de te ver, por mais brevemente que seja. Aquela fase em que conto os
minutos em desespero, será que não vens, aconteceu alguma coisa, não pode ser…
E depois apareces, sorris, e o meu dia fica melhor. E espero
que não vás, não, fica, vamos conversar só mais um pouco. Se é que posso chamar
de conversa à meia dúzia de barbaridades que me fogem pela boca quando estás
por perto. Fico tão bloqueada que respondo em modo automático. E sou perfeitamente
imbecil, ainda mais que de costume.
Será que voltas? Penso sempre que sim, porque quero que
voltes, porque me habituei a que avises quando vais embora. E fico no trapézio,
em equilíbrio precário, a tentar seguir em frente enquanto rezo para que haja
rede lá em baixo.
Penso em ti a toda a hora. A meio de todo o tipo de
banalidades. Interrompes-me a linha de pensamento sem pedir licença. E sorris,
sorris sempre. Esse sorriso que me roubou a razão. Temo que me encontre em
estado de permitir que me roubes o juízo, também.
E hoje sonhei contigo. Porque era mesmo o que me faltava para
poder alegar insanidade mental. Porque agora, de vez, passei o limite do
razoável, do seguro, do estável…das escolhas. Toldaste-me a razão…estás a
escolher por mim.
Quero que me toques. Conhecer o teu cheiro como conheço a tua
voz. Sentir o meu corpo a reagir ao teu. Quero saber se consegues com as mãos
segurar os alicerces que abalas só por existires. Quero arriscar. Parar o
tempo, esse dom efémero que só se tem enquanto se sofre de paixão aguda. Quero
dar voz a esta loucura que me consome. Voz e cor, forma, vida. O meu coração
bate ao compasso do teu nome, e não é justo, Deus, não é.
E temo o dia em que os meus desejos se realizem e nos
sentemos os dois, para nos conhecermos melhor. Receio o momento em que leia as
respostas nos teus olhos. Saber mais sobre ti é o meu dilema: é o que mais
quero e o meu maior medo. Não vais ser como imagino. Vais ter defeitos, temos
todos. Vais ter um lado que não sorri. E vais ter escolhas também, feitas e por
fazer. E aí vou ter de optar, se estou apaixonada ou apenas impressionada. Se
quero conhecer o homem ou a máscara. Sei que nesse dia esta sensação, de uma
maneira ou de outra, vai embora. Ou vai mudar. E dói-me…porque este estéril é
bom. Permite-me sonhar, iludir-me, agarrar-me a algo puro.
Vais-me enlouquecer. Mas sorri. Por enquanto, sorri.
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