
Senti-me isolada e triste desde aí, mas só que nunca, sem porto onde me abrigar. Rodeie-me de livros, de palavras sábias que sempre me acompanham…mas as histórias pareciam ocas, as frases vazias de sentido, as personagens distantes e frias. Deambulei à deriva por entre os móveis e a rua, mas caminhava no meio de sombras, sem enxergar, e a névoa tinha o dom de, telepaticamente, me bloquear.
Não me apetece escrever. Não, de todo, não é isto que quero. Desta vez, ao contrário das outras, quanto mais escrevo mais se aperta o nó na minha garganta. Mais ténue fica a linha entre a pouca sociabilidade e a solidão. Cada palavra que escrevo torna mais funda a ferida que se instalou em mim. E, no entanto, não tenho mais nenhum sítio onde ficar que não nestas páginas que, ainda que molhadas pelas lágrimas que escorrem do meu rosto, são o mais perfeito espelho de mim, e único lugar onde poderei, eternamente, descansar em paz.
2 comentários:
Apesar de espelhar dor, o texto está muito bem escrito como sempre. Está muito bonito (bom tu entendes aqui a utilização deste adjectivo). Beijinho grande
Quando as palavras são o lugar que redime a nossa solidão...
Muito bom o teu texto, Rita.
Um beijo.
Enviar um comentário