
Acordei de repente, exaltada, suada e assustada, com um enorme nó na garganta, que me estava a sufocar, e o coração a bater tão fortemente que a sua palpitação era visível em meu peito e o seu pulsar ecoava no meu cérebro e fazia o meu corpo tremer.
Reparei que a cama estava vazia: da almofada nem sinais, os cobertores e os lençóis jaziam inertes, cada um para seu lado, no frio chão de pedra do meu quarto. As suas sombras, os seus contornos irregulares, ameaçavam-me de longe, fitavam-me continuamente. As mãos gelavam-me lentamente, sentia-me a perder o controlo dos próprios movimentos. Aos poucos estava como que petrificada ali, enregelada, uma estátua de pedra sentada numa cama, com uma expressão de pânico no rosto lívido e o olhar perdido e vazio. Sentia o próprio ar sugar-me as forças, juntamente com cada parede rugosa, cada livro das estantes, cada quadro pendurado, cada escuro objecto imóvel.
Tentei gritar e o som não veio. Tentei de novo mas não funcionava. Fechei os olhos, com uma grossa lágrima salgada a escorrer-me lentamente pela bochecha, e no silêncio chamei mentalmente por ti, uma e outra vez. Não sei porquê, mas acalmei. Aos poucos voltou o calor. O coração retomou o compasso normal, as mãos já mexiam, e as sombras pareciam ondular como de costume. Apanhei os lençóis e tapei-me. Respirei fundo e dormi.
Reparei que a cama estava vazia: da almofada nem sinais, os cobertores e os lençóis jaziam inertes, cada um para seu lado, no frio chão de pedra do meu quarto. As suas sombras, os seus contornos irregulares, ameaçavam-me de longe, fitavam-me continuamente. As mãos gelavam-me lentamente, sentia-me a perder o controlo dos próprios movimentos. Aos poucos estava como que petrificada ali, enregelada, uma estátua de pedra sentada numa cama, com uma expressão de pânico no rosto lívido e o olhar perdido e vazio. Sentia o próprio ar sugar-me as forças, juntamente com cada parede rugosa, cada livro das estantes, cada quadro pendurado, cada escuro objecto imóvel.
Tentei gritar e o som não veio. Tentei de novo mas não funcionava. Fechei os olhos, com uma grossa lágrima salgada a escorrer-me lentamente pela bochecha, e no silêncio chamei mentalmente por ti, uma e outra vez. Não sei porquê, mas acalmei. Aos poucos voltou o calor. O coração retomou o compasso normal, as mãos já mexiam, e as sombras pareciam ondular como de costume. Apanhei os lençóis e tapei-me. Respirei fundo e dormi.
Pode ser loucura ou ilusão da mente, mas o facto é que quando voltei a pôr a cabeça na almofada senti o teu cheiro doce, e quando fechei os olhos foi o teu beijo que me devolveu a paz.