Vi o meu reflexo na água. A superfície ondulada dava ao meu rosto uma vida que ele não tinha, tornava os meus olhos brilhantes e rasos de lágrimas que deles não escorriam. E no entanto aquela parecia mais eu. Quase conseguia lembrar-me de como o meu cabelo ganhava luz e vitalidade ao vento. Os anos passaram e eu cresci, quase sem dar conta da mulher em que aos poucos o tempo e o destino me tornavam, moldada pelo meu jeito de criança. Aquela menina que um dia caíra ao lago para poder ver o seu reflexo não existia mais, e não tive tempo para me despedir dela. Toquei a água com a ponta dos dedos, senti o frio atravessar-me o braço e envolver o meu coração. Está quente cá dentro.
2 comentários:
Mulher com M grande.
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