segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Fossas

Sinto-me transbordar de alguma coisa que não sei bem o que é. Tenho uma angústia presa no fundo da garganta e ardem-me os olhos como se precisasse de chorar um oceano. Quero aquela paz que vem de dentro, procuro aquela força que me guia nas palavras e nos actos, mas de alguma maneira sei que ela foi embora. Tenho as mãos geladas e o rosto pálido, parece que o inverno me encheu por dentro, que a chuva apagou a chama de viver. Sei que ando fria, sem paciência, esgotada, cansada. Sei que não tenho sido boa companhia, que não tenho dado o melhor de mim. Devia sentir-me responsável e querer pedir desculpa, mas não. Não quero baixar a cabeça pelo que não sinto, nem sequer sei se quero que me venham buscar, que me tirem daqui. Estou ao mesmo tempo vazia de afectos e cheia de dúvidas. Consigo ouvir os meus alicerces tremer quando lhes dá o vento, mas estou demasiado preguiçosa para me preocupar com isso. Vou-me deixar ficar aqui. Se cair, logo se vê.

Ninguém está contigo constantemente. Ninguém está sempre do teu lado. Ninguém conhece os teus segredos, ninguém sabe o gosto das tuas lágrimas, ninguém vê o outro lado do teu sorriso. Está aí alguém?

2 comentários:

Faerie disse...

Adorei ^^ *

Graça Pires disse...

Escrever é sempre um bom remédio. Belo este texto, Rita.
Um beijo.