Balançava o copo de vinho na mão como quem agita memórias. Olhava para o líquido vermelho sem o ver realmente. Até que parecendo voltar à realidade pousou o vinho na mesa e foi em passo lento até à velha jukebox, rainha daquela à parede. Descalça, pernas nuas, com nada que não uma t-shirt larga sobre a pele morena, ficou indecisa por breves instantes antes de escolher a malha. A música pairou no ar, quente e envolvente. A bela morena voltou-se para o homem de fato que a fitava do meio da sala. Parecia desconfortável, mãos nos bolsos, olhar no chão. Olhou-o de cima a baixo. Mensageiro, reles, fraco. Todo ele emanava inferioridade, e ela não gostava disso. O silêncio dela estava a deixá-lo nervoso, e quanto mais ele transpirava e punha a mão ao nó da gravata como quem se sente sufocar, mais ela prologava o momento. Quando a música deu os últimos acordes, ela falou-lhe, devagar.
“Repete lá a tua proposta, então…”
“Um milhão, limpo, metade já. Deadline, amanhã à noite.”
“Para roubar um carro…”
“E entregá-lo impecável.”
“E qual é o carro?”
As mãos dele ainda tremiam quando abriu a pasta e de lá tirou uma folha. O seu rosto era impassível. Deu o papel à morena, ainda sem a olhar.
“Oh, não é um carro…” Um sorriso de malícia pairava-lhe nos lábios. “É um Cadillac.”
“Repete lá a tua proposta, então…”
“Um milhão, limpo, metade já. Deadline, amanhã à noite.”
“Para roubar um carro…”
“E entregá-lo impecável.”
“E qual é o carro?”
As mãos dele ainda tremiam quando abriu a pasta e de lá tirou uma folha. O seu rosto era impassível. Deu o papel à morena, ainda sem a olhar.
“Oh, não é um carro…” Um sorriso de malícia pairava-lhe nos lábios. “É um Cadillac.”
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