sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sem freio


Acabo de colocar na testa uma tabuleta, daquelas de madeira tosca, com uma mensagem a tinta vermelha, escrita à mão, levantada antes de seca, de modo que algumas letras estão a escorrer. Essa tabuleta diz em maiúsculas: CONSCIÊNCIA À VENDA.
A mensagem está errada, percebi agora. Na verdade não ponho a consciência à venda, não quero dinheiro nenhum por ela, eu ofereço-a. Dou-a, com a maior boa vontade, a quem por ela perguntar. Na verdade eu até a ponho discretamente no bolso de quem passar perto de mim, enquanto rezo para que a pessoa não dê conta, e vou fugindo a passos miudinhos. Conquanto que me veja livre desta maldição que me persegue.
É que a consciência enerva-me. A sério. Ela tem o irritante condão de ter mais força que a razão, e isso é, no mínimo, estúpido. Ela pega no sentimento, eleva-o, e isola a vontade. Ela pega naquele lado humano vulnerável, que é aquele fraco, desprezível e vai contra a lei da vida, coloca-o ao colo, embala-o…e domina os gestos!
Carpe Diem. Mas como, se a consciência não deixa? Eu devia ter vindo desprovida disso. Foi erro técnico, devolvam à fábrica e eles que consertem (ou será que a garantia acabava aos 18 anos?). Mas não faz mal, considerem então um exame de rotina. Removam a tal consciência, também podem tirar os travões, acrescentem cavalos ao motor, aumentem a cilindrada, mudem o óleo…estofo eu já tenho que baste! Mas, por favor, ponham-me a andar!

1 comentário:

CarpeDiemaria disse...

As vezes custa-me a crer os poucos anos que por ti passaram... tamanhos são as tuas emoções e os teus sentimentos!