Fecho os olhos. Paro: não ouço, não penso, não vejo. A dada altura o mundo à minha volta evaporou, sinto apenas, com cada nervo, por cada poro, respiro pela pele cada sentimento que me invade, inalo luxuria, expiro desejo.
Não aguento mais a vontade de te agarrar, de passar a mão nas tuas costas e te cravar as unhas, de te morder o pescoço. O meu coração não bate- corre. Galopa-me no peito e sinto-o tanto nas pontas dos dedos como na boca. A minha língua anseia a tua, uma vontade que me domina, que me toma, já não controlo o corpo há muito e o pensamento começa agora a fugir-me por entre laivos doces de lascívia e ondas intensas de calor.
Deito-me para trás, no chão assenta apenas a cabeça, parte das costas e o rabo. Sinto-me suar e tremer, tenho a pele arrepiada. A vista turva, o dorso arqueia, quero-te, sim, agora, como te quero...
Vens. Não sei de onde, nem quero saber. Sinto as tuas mãos firmes nas minhas ancas, a tua perna rente à minha, beijas-me e sinto o teu peso no meu ventre. Passo as mãos no teu cabelo, sinto-o deslizar por entre os dedos enquanto me trincas o lábio e o teu cheiro me invade: tenho-te. Forço os joelhos para dentro e colo-te ainda mais a mim, sinto-te os músculos retesados e a respiração ofegante.
O ar torna-se denso e irrespirável, quente. O tempo derrete num relógio que não existe, o sol e a lua fundem-se num misto líquido de luz e calor.
As peles morenas atraem-se como ímans e os corpos mexem em harmonia numa dança sem compasso nem coreografia ensaiada. No entanto nada falha: um belo puro e sem maldade que hipnotiza. Levas-me o medo, a raiva, a dor. Roubas-me pela boca os tormentos e a sanidade- dás-me paz. Digo-te num momento aquilo que numa vida não terei palavras para contar. Explico-te num olhar a vida que nunca tive. Leio no teu sussurro um passado e um futuro e nos meus lábios fica para sempre tatuado o teu sorriso.
Adormeci com o rosto no teu peito.
(Algumas coisas não nasceram para ser explicadas, mas vividas.)
(A quem possa interessar, escrevi este texto com um pé nos Andes -ao ritmo dos Incantation-, e outro no rock, ao cuidado de uma balada de Foreigner...e daí o título. Soube-me lindamente.)
1 comentário:
Tens razão, gostei :)
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