Dou comigo a sorrir frente a algumas situações.
“Há lobos enjaulados nas máscaras que somos”, pode ler-se na parede na casa de banho feminina do 2º andar da ESCS.
Não faço a menor ideia de quem isto escreveu. Tão pouco sei quando o fez, ou porque razão. Mas não deixa de ser estranho pensar que uma das frases mais sensatas e tocantes que já li esteja rabiscada num sanitário público, local de “entra e sai” de todo o tipo de (teoricamente) miúdas, talvez mulheres. Local, também, de “entra e sai” de outro tipo de substâncias, igualmente comuns mas menos banalizadas. No fim de contas encontro mais conteúdo num cubículo destinado a colher necessidades básicas (e outras mais secundárias mas de menor relevo) do que na grande maioria das restantes salas de estudo desse edifício, e de muitos outros a ele semelhantes.
Seremos todos poetas de casa de banho? Será que só em locais como este, em que a nossa intimidade fica preservada por três paredes, um chão, uma porta e (nem sempre) um tecto, será que só quando nos sentimos a sós connosco somos capazes de revelar essa máscara que já nem temos, mas somos?
E o lobo enjaulado, fica onde? No brilho líquido do olhar cauteloso? Todos sentimos a presença incómoda dessa alcateia acorrentada, quando na multidão estamos. Todos ouvimos o eco do seu uivo na raiva das insinuações proferidas, na avidez das traições consumadas, no medonho eclodir da violência. E será só nas minhas costas que jazem, imponentes, as cicatrizes dos fundos golpes feitos pelas suas garras afiadas?
A verdade é que há lobos enjaulados, sim. Lobos cada vez mais selvagens. Cada vez mais desesperados, mais ansiosos por rebentarem as correntes que os condicionam, cada vez mais animais. E a verdade, também, é que continuamos a ser máscaras. Máscaras camaleão, amorfas. E, se tu que me lês me entendes, sabes que os lobos não aguentarão muito mais esta biosíntese fantoche que as máscaras impõem.
“Há lobos enjaulados nas máscaras que somos”, pode ler-se na parede na casa de banho feminina do 2º andar da ESCS.
Não faço a menor ideia de quem isto escreveu. Tão pouco sei quando o fez, ou porque razão. Mas não deixa de ser estranho pensar que uma das frases mais sensatas e tocantes que já li esteja rabiscada num sanitário público, local de “entra e sai” de todo o tipo de (teoricamente) miúdas, talvez mulheres. Local, também, de “entra e sai” de outro tipo de substâncias, igualmente comuns mas menos banalizadas. No fim de contas encontro mais conteúdo num cubículo destinado a colher necessidades básicas (e outras mais secundárias mas de menor relevo) do que na grande maioria das restantes salas de estudo desse edifício, e de muitos outros a ele semelhantes.
Seremos todos poetas de casa de banho? Será que só em locais como este, em que a nossa intimidade fica preservada por três paredes, um chão, uma porta e (nem sempre) um tecto, será que só quando nos sentimos a sós connosco somos capazes de revelar essa máscara que já nem temos, mas somos?
E o lobo enjaulado, fica onde? No brilho líquido do olhar cauteloso? Todos sentimos a presença incómoda dessa alcateia acorrentada, quando na multidão estamos. Todos ouvimos o eco do seu uivo na raiva das insinuações proferidas, na avidez das traições consumadas, no medonho eclodir da violência. E será só nas minhas costas que jazem, imponentes, as cicatrizes dos fundos golpes feitos pelas suas garras afiadas?
A verdade é que há lobos enjaulados, sim. Lobos cada vez mais selvagens. Cada vez mais desesperados, mais ansiosos por rebentarem as correntes que os condicionam, cada vez mais animais. E a verdade, também, é que continuamos a ser máscaras. Máscaras camaleão, amorfas. E, se tu que me lês me entendes, sabes que os lobos não aguentarão muito mais esta biosíntese fantoche que as máscaras impõem.
4 comentários:
Caga e deixa-te de filosofias.
Pergunto-me eu, João Miguel Angélico (se é que ainda te restavam dúvidas), quanto tempo ficaste tu na sanita a meditar sobre tal frase para chegares a um pensamento tão profundo? E por falar em profundo, profundo será também a 'necessidade básica' que terás deixado em tal cubículo.
Se não fosses o João Miguel Angélico e eu não conhecesse essas teorias, estarias daqui para a frente lixado! xD (e não, não restavam dúvidas)
Podes crer! Todos nós temos um lobo cá dentro e a nossa jaula não está tão segura quanto possamos pensar...
vim espreitar o teu blog e não pude deixar de comentar este artigo. Quando entrei nesse cubiculo da casa de banho entre o 1 e segundo andar da ESCS (pobres casas de banho nem andar definido têm) não pude deixar de sorrir ao ler essa frase. É tão verdadeira. Escreves bem pá.
Da colega caladita, também ela Rita, lá ao pé da janela =P
PS: Ignora o que o Trindade já te ensinou e não ligues aos erros de pontuação que possam existir neste comentário
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