Porque não me contento em ter o que vejo, quero aquilo cujo acesso seja restrito. Quero uma obsessão que puxe por mim, que me obrigue a lutar, que me prenda, que me amarre, que me leve à loucura incomensurável e me faça desesperar.
Amo o gosto doce e breve do momento que foge mas hipnotiza, venero o gesto que procuro durante horas e só surge quando a minha força vacila, jogo com o envolvente monopólio das sombras dançantes, com o toque macio do veludo morno, vagueio errante por entre brumas que escondem corpos amorfos, deixo-me envolver pelo aroma inigualável de essência indecifrável e mergulho de cabeça em labirintos cuja planta se assemelha à minha Lisboa.
Diz que são todas iguais, as cidades. Não há alma como a dela, não há fado como o seu, as pedras da calçada daqueles trilhos que murmuram, olhos no Tejo que corre lento e narra para quem o quer ouvir; o meu sangue corre no toque de cada guitarra vibrante, no travo de cada gole de tinto, escorre para fora de uma clepsidra que já transborda… Esta Lisboa que dorme enquanto os seus eléctricos passam, vazios de quem os entenda, cheios de quem os empate… Lisboa não é do mundo, porque o mundo jamais a perceberá, mas não há dúvida de que o mundo é seu, porque só o suspiro da sua saudade move gerações, porque ela vence o tempo.
A minha voz é a do fado, a minha altura a do castelo, e se me queres entender não procures explicar-me… devolve-me a doçura dos colos pálidos a descoberto, traz-me de novo o cabelo revolto que, solto, tapa um pescoço que implora sentir o teu beijo, o teu respirar… A boca cala segredos que chocariam o mundo, mas que importa…
E com isto perdi na meada o fio que procurei seguir… também, o que interessa isso, quem me lê sabe que estas páginas soltas não pedem numeração nem têm ordem de leitura… Diz que amanhã reina Valentim… não creio. Mas se falamos de amor, a palavra sacra que desliza nas minhas mãos por entre letras que a dissimulam mas estremece na minha boca só de pensar no quão ousado seria pronunciá-la em vão, se falamos de amor, então que venha um Casanova, um Cagliostro. Que reine então a supra alquimia, o charme irresistível do desejo avassalador; há muito Romeu no mundo, e dessa história já eu conheço o fim.
Amo o gosto doce e breve do momento que foge mas hipnotiza, venero o gesto que procuro durante horas e só surge quando a minha força vacila, jogo com o envolvente monopólio das sombras dançantes, com o toque macio do veludo morno, vagueio errante por entre brumas que escondem corpos amorfos, deixo-me envolver pelo aroma inigualável de essência indecifrável e mergulho de cabeça em labirintos cuja planta se assemelha à minha Lisboa.
Diz que são todas iguais, as cidades. Não há alma como a dela, não há fado como o seu, as pedras da calçada daqueles trilhos que murmuram, olhos no Tejo que corre lento e narra para quem o quer ouvir; o meu sangue corre no toque de cada guitarra vibrante, no travo de cada gole de tinto, escorre para fora de uma clepsidra que já transborda… Esta Lisboa que dorme enquanto os seus eléctricos passam, vazios de quem os entenda, cheios de quem os empate… Lisboa não é do mundo, porque o mundo jamais a perceberá, mas não há dúvida de que o mundo é seu, porque só o suspiro da sua saudade move gerações, porque ela vence o tempo.
A minha voz é a do fado, a minha altura a do castelo, e se me queres entender não procures explicar-me… devolve-me a doçura dos colos pálidos a descoberto, traz-me de novo o cabelo revolto que, solto, tapa um pescoço que implora sentir o teu beijo, o teu respirar… A boca cala segredos que chocariam o mundo, mas que importa…
E com isto perdi na meada o fio que procurei seguir… também, o que interessa isso, quem me lê sabe que estas páginas soltas não pedem numeração nem têm ordem de leitura… Diz que amanhã reina Valentim… não creio. Mas se falamos de amor, a palavra sacra que desliza nas minhas mãos por entre letras que a dissimulam mas estremece na minha boca só de pensar no quão ousado seria pronunciá-la em vão, se falamos de amor, então que venha um Casanova, um Cagliostro. Que reine então a supra alquimia, o charme irresistível do desejo avassalador; há muito Romeu no mundo, e dessa história já eu conheço o fim.
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