terça-feira, 27 de julho de 2010

Dead end


Ele olhava-a descaradamente, sem medos nem pressas, esculpia na sua mente cada centímetro do corpo dela, e sorria, sorria com os olhos fixos nos dela, fundos, brilhantes, hipnotizados. Ela adorava. Sentia um formigueiro por dentro, enchia o ego com a devoção dele, jogava com aquela paixão deliberadamente porque sim, porque a excitava, lhe dava prazer, a fazia sentir especial e deixava as outras mulheres roídas de ciúme. Sorria-lhe de volta, meio de soslaio, aquele sorriso secreto que era ao mesmo tempo a mais genuína e a mais falsa face de si mesma. Ninguém sabia. Muitos desconfiavam.
Ele agarrava-a. Longe do mundo pegava-lhe na mão e levava-a a passear, puxava-a com força mas sem brusquidão para si e segurava-a no seu abraço quente, forte, irresistível. Ela deixava. Punha as mãos no cabelo dele e deixava-o fluir-lhe entre os dedos, esticava o pescoço para trás com lascívia, olhos fechados enquanto os lábios dele a levavam onde mais ninguém a levava. As mãos dele estavam ávidas, faziam circuitos nas ancas largas dela, subiam pelas costas, marcavam-lhe a cintura, agarravam-lhe o rabo. Ela gemia louca de prazer já sem noção de quem era e de onde estava, puxava o rosto dele contra o seu e beijava-o com paixão, a sua língua enrolada na dele, mordiscando-lhe os lábios carnudos, sentindo o coração dele disparar no seu peito, sentindo-o mais excitado, mais louco por ela, mas preso naquela teia.
Eram um só, fundidos num abraço ardente, um universo paralelo que surgia aos olhos de quem os visse como um holograma, visível mas inatingível, indecifrável, longínquo e distorcido.

1 comentário:

Estrelinha disse...

Simplesmente UAUUUUUUUUUU...

Eu já vivi um momento assim e digo-te que é brutal...

Cada texto que passa adoro mais os teus textos.

Continua

xD