Estende-me a mão, e ler-te-ei a sina. No entanto, não a olharei sequer. Não me interessam traços longos, curtos, fundos ou superficiais. Não quero saber do cruzamento de linhas. Ah, abstracções mentais, doces ilusões... Não é esse o meu fado.
Estende-me a mão e agarrá-la-ei. Estende-ma, e verás como juntos somos capazes de compactar o destino numa caixinha de necessidades só nossa. Os búzios não são para ser atirados, são para ficar caídos na areia, são para sentir o mar, são para ser vistos e cheirados, para que alguém lhes pegue e os encoste ao ouvido apurado, com a curiosidade ingénua de quem teima em acreditar em mitos.
Estende-me a mão, mas não me peças para deitar cartas, porque não gosto de jogos de sorte; para mim há um jogo muito maior em curso, mais profundo, mais bonito. Eu sou uma carta, tu és outra. Nem sei em que mão estou, nem qual o meu valor, naipe, porque não imagem… o que interessa isso afinal? Serei jogada não sei por quem, num jogo sem fim previsível. O que me interessa a vitória?
Dá-me a mão, dar-te-ei em troca calma e paz, sem horas de meditação nem abstracção total, física, material. Não temos tempo para isso, o que passou não volta mais, de que nos vale tudo saber, se quando acordarmos do nosso transe não tivermos tempo para deixar testemunho a quem dele precisa?
Vá lá, estende-me a mão. Não tenhas medo porque não faço exorcismo, nem perderei horas com rituais mágicos. Gosto de runas, mas não atiro pedras. Creio em algo, mas não to direi, porque isso só a mim diz respeito. Só quero a tua mão.
Se ma deres, terás o teu fado. De mãos dadas correremos o mundo sentindo a cada passo dado, recordando a cada momento vivido, imaginando cada imagem que virá. Dá-me a mão, e prometo que no silêncio desse toque banal e íntimo descobrirás o que és, saberás o que eu sou, sem mistério, sem barreiras. Amarás em surdina, de olhos fechados, terás o mundo inteiro preso na mão aberta, pássaro livre que não foge da gaiola dourada sem grades nem portas, porque está lá de sua própria vontade, e isso é todo o seu propósito.
Dá-me a mão e mais nada te pedirei, porque mais nada terei a pedir. Seremos passado, presente e futuro; teremos tudo, e quem é pleno tem o destino traçado pelo ar que respira. O meu fado és tu, porque o meu coração dita que assim seja, e porque o seu bater é sentença final dum julgamento que é a vida. Crês na sorte? Eu também. Ainda queres um intermediário? Dá-me só a tua mão…
Estende-me a mão e agarrá-la-ei. Estende-ma, e verás como juntos somos capazes de compactar o destino numa caixinha de necessidades só nossa. Os búzios não são para ser atirados, são para ficar caídos na areia, são para sentir o mar, são para ser vistos e cheirados, para que alguém lhes pegue e os encoste ao ouvido apurado, com a curiosidade ingénua de quem teima em acreditar em mitos.
Estende-me a mão, mas não me peças para deitar cartas, porque não gosto de jogos de sorte; para mim há um jogo muito maior em curso, mais profundo, mais bonito. Eu sou uma carta, tu és outra. Nem sei em que mão estou, nem qual o meu valor, naipe, porque não imagem… o que interessa isso afinal? Serei jogada não sei por quem, num jogo sem fim previsível. O que me interessa a vitória?
Dá-me a mão, dar-te-ei em troca calma e paz, sem horas de meditação nem abstracção total, física, material. Não temos tempo para isso, o que passou não volta mais, de que nos vale tudo saber, se quando acordarmos do nosso transe não tivermos tempo para deixar testemunho a quem dele precisa?
Vá lá, estende-me a mão. Não tenhas medo porque não faço exorcismo, nem perderei horas com rituais mágicos. Gosto de runas, mas não atiro pedras. Creio em algo, mas não to direi, porque isso só a mim diz respeito. Só quero a tua mão.
Se ma deres, terás o teu fado. De mãos dadas correremos o mundo sentindo a cada passo dado, recordando a cada momento vivido, imaginando cada imagem que virá. Dá-me a mão, e prometo que no silêncio desse toque banal e íntimo descobrirás o que és, saberás o que eu sou, sem mistério, sem barreiras. Amarás em surdina, de olhos fechados, terás o mundo inteiro preso na mão aberta, pássaro livre que não foge da gaiola dourada sem grades nem portas, porque está lá de sua própria vontade, e isso é todo o seu propósito.
Dá-me a mão e mais nada te pedirei, porque mais nada terei a pedir. Seremos passado, presente e futuro; teremos tudo, e quem é pleno tem o destino traçado pelo ar que respira. O meu fado és tu, porque o meu coração dita que assim seja, e porque o seu bater é sentença final dum julgamento que é a vida. Crês na sorte? Eu também. Ainda queres um intermediário? Dá-me só a tua mão…
(Ontem tive a feliz surpresa de saber que, afinal, existe um universo de leitores da minha prosa ao qual eu era totalmente alheia. O meu enorme e sincero obrigada. Escrever dá um prazer muito maior quando se sabe que alguém aprecia as nossas palavras, mais ainda se esse alguém nos for estranho. Hoje posso dizer que um pequeno vazio dentro de mim foi preenchido por uma luz bem intensa. Farei o meu melhor, prometido.)
2 comentários:
Eu diria que escreves extraordinariamente bem... inexplicavel!
Apetece abrir-te como um livro e ler-te toda por dentro... saber tudo e ignorar completamente, para ter o prazer de te ler mais uma vez!
Continua, por favor. Tens futuro!
Tens um jeito gigantesco pr escrever!! deves continuar, so te sincero não gosto muito de ler mas acho piada aos teus textos e vejo muita coisa neles e este é muito bom;)
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