segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Frágil(idade)


Toma-me. Não o digo, mas sinto na alma a chama que me arde nos olhos e já não penso, já não vejo, há muito que já não sei onde estou nem o que faço. Quero que me rasgues a roupa, que me pegues ao colo e me encostes contra a parede, que me arranhes, que me consumas até não restar mais fôlego, até que mal possa respirar.
Agarra-me. Avanço sem pensar, o passo mais firme que a razão, a pele mais quente que fogo. Vejo o teu peito arrepiado por entre a camisa entreaberta, desejo cada centímetro desse corpo que não é meu nem nunca será. O cabelo revolto. O sorriso sacana. O olhar penetrante. Os lábios…
Beija-me. O veneno dessa boca suga-me a consciência a cada segundo que passa, derrete-a, funde-a, este doce deleite corre-me nas veias e domina-me, só te quero ter.

(Paro antes de te tocar, naquele minúsculo intervalo que separa o sonho da realidade, aquela linha ténue que tenho medo de cruzar, partir em pedaços a razão porque vivo. Sinto uma lágrima escorrer-me pelo rosto, olho para baixo porque não te quero enfrentar, não sei se me olhas, se alguma vez me viste. Não sou capaz.)

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