segunda-feira, 26 de abril de 2010

Voz


"Luz."
Olho-me ao espelho. Vejo a imagem distante, difusa, olho o rosto que é meu embora nem sempre pareça.
"Luz, câmara."
Acendem-se holofotes. Estende-se o mundo na sua ensaiada harmonia, desfilam os rostos e os corpos como manequins. Um brilho, aqui, um pó acolá. Escuridão e sujidade nas zonas mortas, aquelas que ninguém vê, em que ninguém passa. O meu rosto em primeiro plano, a humanidade em cenas, rolando nas minhas costas.
"Luz, câmara, acção."
Agora o espelho desapareceu. As vozes sobem e descem, passos, silêncio, cores, vazio. Agora já não vejo os holofotes, nem o palco. Não distingo as cenas. O peito vai subindo e descendo conforme respiro (porquê?). Sigo. Tenho de seguir.


(take 2: Esconde as lágrimas. Funga. Foge. Foste descoberta. Encobre. Ama. Deixa-te levar. Fala. Chora. Tem fé. Tem muita fé.)

2 comentários:

Anónimo disse...

Descobri o teu blog e gostei. Comecei agr um. Ainda está muito no início, mas vai passando por la, sff ;)

http://www.pensaroquedigodizeroquesinto.blogspot.com/

Graça Pires disse...

A vida é um filme quotidiano. Nem sempre os holofotes nos favorecem...
Um beijo, Rita.