A porta rangeu, leve, baixo, fria… como um murmúrio quase inaudível aos ouvidos desatentos do comum humano, como um grito horripilante de uma besta esfomeada para quem só desejava que ela se mantivesse fechada.
Tentando disfarçar o tremor não de frio, ou talvez um pouco, mas mais de medo, cobri-me com os lençóis e cerrei os olhos e os dentes. Ouvia os seus passos lentos, calmos, planeados, sem pressa de chegar ao destino porque ele não podia fugir, passos decididos e vitoriosos, passos desumanos e insensíveis. O chão parecia gemer comigo, por simpatia ou talvez por pena, e já não havia como disfarçar o meu desespero. Também de nada valia, simplesmente tinha de aceitar a minha condição e o meu fado.
“Shhht…” disseste ao meu ouvido, apenas alto o suficiente para que as lágrimas se soltassem de meus olhos. Enrolei-me e afastei-me, procurei sem resultados fugir ao toque húmido de tua mão, que buscava desejosa o meu corpo nú. “Sai!” gritei, talvez mais alto que o necessário, gritei para que o mundo me ouvisse e para que todo ele se desintegrasse, para que ficasse só eu e o meu canto escuro, só eu e o meu choro, só eu e a minha dor. Não saíste, e não tive como afastar-te. Não te quis, e não tive como negar-te.
Tentando disfarçar o tremor não de frio, ou talvez um pouco, mas mais de medo, cobri-me com os lençóis e cerrei os olhos e os dentes. Ouvia os seus passos lentos, calmos, planeados, sem pressa de chegar ao destino porque ele não podia fugir, passos decididos e vitoriosos, passos desumanos e insensíveis. O chão parecia gemer comigo, por simpatia ou talvez por pena, e já não havia como disfarçar o meu desespero. Também de nada valia, simplesmente tinha de aceitar a minha condição e o meu fado.
“Shhht…” disseste ao meu ouvido, apenas alto o suficiente para que as lágrimas se soltassem de meus olhos. Enrolei-me e afastei-me, procurei sem resultados fugir ao toque húmido de tua mão, que buscava desejosa o meu corpo nú. “Sai!” gritei, talvez mais alto que o necessário, gritei para que o mundo me ouvisse e para que todo ele se desintegrasse, para que ficasse só eu e o meu canto escuro, só eu e o meu choro, só eu e a minha dor. Não saíste, e não tive como afastar-te. Não te quis, e não tive como negar-te.
2 comentários:
Meu Deus.
Confesso que fiquei impressionada com o teu texto, pela positiva logicamente. A forma de como contas tudo fez-me ansiar pelo desfecho, querer saber mais e rápido. A mensagem que passas ao longo da narrativa e a forma como acabas é de todo espectacular.
Entendi'te mesmo.
E gostei.
gostei mesmo muito rita...o texto esta espectacular...na forma como escreves cativas uma peessoa e fazes com fique agarrada a ler e queira ler mais...consegue-se sentir e imaginar na perfeição o que tentas transmitir!continua assim...vou querer um livro teu!!beijokas
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